quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

E foi-se o Fado



Silêncio, que se vai cantar o fado.




Ao contrário da maioria dos Portugueses, não estou muito convencido que a elevação do Fado a Património Imaterial da Humanidade seja uma coisa boa para o Fado. Pelo menos não o será para o fado autentico de raiz popular que existiu até há alguns. Como quase sempre acontece, quando uma qualquer realização popular tem sucesso, logo aparecem as elites, ou as supostas elites, a tomar conta do assunto para, alegam, a coisa não se perder. Assim será com o fado! Nos últimos anos a tendência já ia nesse sentido. Os fadistas já eram, em grande número, veterinários, doutores, membros de famílias-bem e afins. Com esta nomeação não tenho dúvida de que os Merceneiros, as Argentinas, as Hermínias e os Fernandos Maurícios deste país estão definitivamente arredados do top do fado.
Não sendo grande  fã do fado não posso deixar de lamentar o desaparecimento da autenticidade para dar lugar ao fado para turista do estilo "mastigar e deitar fora". Espero que o tempo me prove que estou errado mas tenho pouca esperança.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Geração à rasca



À rasca!




Foi com enorme satisfação que vi, no passado fim de semana, essa grande manifestação de descontentamento que percorreu a Avenida da Liberdade. Não tanto pela manifestação em si mas pelo que ela representou, enquanto movimento espontâneo de jovens que, finalmente, parecem ter acordado para a cidadania e para a democracia participativa. Durante anos vi as condições sociais dos cidadãos degradarem-se sem que estes, entre os quais me incluo, decidissem tomar medidas que abanassem as estruturas políticas implantadas nos últimos trinta e tal anos. Finalmente apareceu algum sinal de descontentamento. Mas será que esta movimentação virá a ter algum efeito na hora da tomada de decisões dos nossos governantes actuais e futuros? Duvido. Já se preparam mais medidas para um novo PEC e estas serão, naturalmente, aplicadas sobre os mais fracos, isto é, sobre os jovens, os velhos e os desempregados. A banca continuará isenta, as mais valias não serão taxadas e as grandes empresas encontrarão forma de fugir ao pagamento uma vez mais.
O principal partido da oposição também já avisou, de forma mais ou menos subjectiva, quais serão as suas grandes medidas: Reduzir a remuneração aos fins de semana, redução de salários em caso de dificuldades financeiras (está-se mesmo a ver que serão todas as empresas), uniformização do regime de recibos verdes etc. Com estas medidas, é fácil ver, vão continuar a existir os falsos recibos verdes, que vão continuar a ser retirados direitos a quem trabalha e que os salários miseráveis que as empresas portuguesas pagam aos seus trabalhadores, irão ser ainda mais miseráveis.
Por tudo isto deixo um conselho aos jovens da "Geração à Rasca";  fujam daqui enquanto é tempo,  porque senão estas sanguessugas transformar-vos-ão em "Geração ainda mais à rasca".